Grafiteira investigada por pichar prédios históricos presta depoimento em São Luís
10/10/2025
(Foto: Reprodução) Depoimento ocorre após divulgação de vídeos em que a grafiteira aparece pichando casarões do patrimônio histórico da capital maranhense.
Reprodução/Redes Sociais
A grafiteira Juliana Cruz prestou depoimento nessa quinta-feira (9) na Delegacia Especial do Meio Ambiente, em São Luís (MA). Ela é investigada por suposto dano ao patrimônio público e ambiental, após aparecer em vídeos pichando prédios tombados no Centro Histórico da capital maranhense.
Conhecida nas redes sociais, Juliana divulga murais e quadros que tratam da preservação da memória e da história urbana. Em uma publicação, ela escreveu que sua arte “nasce do concreto das cidades e das camadas de histórias que o tempo tenta apagar”.
📲 Clique aqui e se inscreva no canal do g1 Maranhão no WhatsApp
Polícia investiga possível crime de dano ao patrimônio público e ambiental.
Reprodução/TV Mirante
Na última semana, vídeos que mostram Juliana pichando fachadas de prédios históricos viralizaram nas redes sociais. Em um deles, a mulher aparece pendurada em uma grade enquanto pinta uma parede de azulejos. Em outro, picha um prédio já degradado.
Veja também:
Veja os vídeos que estão em alta no g1
Segundo a Polícia Civil, um relatório da Guarda Municipal aponta que Juliana pode ter feito ao menos duas pichações em fachadas de lojas no Centro de São Luís. As datas das ações ainda estão sob investigação.
Ao sair do depoimento, Juliana disse à TV Mirante que as pichações investigadas não são recentes.
“Isso que eu fiz foi no ano de 2020, e percebo que está sendo usado como um lugar de discurso, de disputa política, e não como uma atitude isolada. Nossa cidade já tem reincidência de ações nessa pegada da arte de rua.”
Por meio de nota, o Iphan informou que tomou conhecimento, por vídeos nas redes sociais, das pichações em imóveis do Centro Histórico de São Luís, Patrimônio Mundial da Unesco. O órgão lembrou que a prática é crime ambiental previsto na Lei nº 9.605/1998, com pena de até três anos de prisão e multa.
O Instituto disse que adotará as medidas cabíveis e encaminhará o caso ao Ministério Público e à Polícia Federal. Reforçou ainda o compromisso com a preservação do patrimônio cultural e pediu o apoio da sociedade na proteção dos bens históricos.
Leia, abaixo, a nota na íntegra:
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informa que tomou conhecimento por meio de vídeos divulgados em redes sociais de atos de pichação em imóveis localizados no Centro Histórico de São Luís (MA), reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco.
O Iphan destaca que a pichação contra o patrimônio cultural constitui crime ambiental e de dano, previsto na Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais), sendo punível com detenção de seis meses a um ano e multa. A pena pode ser agravada para até três anos de reclusão, caso o bem atingido seja tombado ou especialmente protegido. Essa conduta é considerada dano qualificado, uma vez que provoca a deterioração de bens públicos ou privados sem autorização, comprometendo a memória coletiva, a paisagem urbana e o valor histórico e artístico do sítio.
O Instituto informa ainda que está adotando as medidas cabíveis e que a denúncia será encaminhada ao Ministério Público e à Polícia Federal para a devida apuração dos fatos e abertura de inquérito.
O Iphan reforça seu compromisso com a preservação do patrimônio cultural brasileiro e reitera que a participação da sociedade é fundamental na proteção dos bens que representam a história e a identidade do país.
Patrimônio Mundial
São Luís é Patrimônio Mundial da Humanidade desde 6 de dezembro de 1997, reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em Nápoles, na Itália. O título foi concedido pela arquitetura e urbanidade preservadas, exemplo da herança colonial portuguesa.
O Centro Histórico de São Luís reúne mais de mil casarões dos séculos XVIII e XIX, muitos com azulejos portugueses e influências francesas. Antes do reconhecimento da Unesco, a cidade já havia sido tombada em 1974 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por sua importância histórica e cultural.